Arquivo | agosto, 2009

Ilusões 2 e Homenagem a Raul Seixas

21 ago

Hoje faz 20 anos que Raul Seixas faleceu, aos 44 anos. Aproveitando essa data, convido-os a ver este vídeo*, que é uma homenagem a este homem que, com suas canções e poesias, nos convidava à refletir e a mudar nossa visão de mundo, expandindo nossa consciência.

A propósito, o vídeo* é uma montagem de imagens (criativa e bacana, por sinal) tendo como trilha sonora a excelente música “Um messias indeciso”, que faz parte do álbum “Metrô Linha 743”, de 1984.

E, ao que me parece, essa música é baseada no livro de Richard Bach “Ilusões – As aventuras de um messias indeciso”, sobre o qual comentei no texto anterior. O título da música é similar ao subtítulo do livro, o refrão da música (“Ahhh, quantas ilusões”) faz referência ao título do livro, e de certa forma a canção “sintetiza” a história do livro. Caso tenha lido o livro, preste atenção na letra da música, e depois comente se você concorda ou não (mas se não tiver lido, pode comentar sobre a música também :-)).

*Link para o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=VC2EGwm0ysw

Ilusões

17 ago

Meu irmão Léo me emprestou o livro “Ilusões – As aventuras de um Messias indeciso”, de Richard Bach. Isso mesmo, Richard Bach, o autor do famoso “Fernão Capelo Gaivota”. (E, se você ainda não leu esse livro, recomendo sua leitura, porque a história é muito boa. Na minha opinião, claro).

Não pretendo fazer um resumo da história, até porque o livro é curto e vale a pena ser lido na íntegra, assim penso. Durante a sucessão de eventos e diálogos, há uma lição para relembrarmos. Sim, relembrarmos, pois de certa forma tudo que ali está nós já (supostamente) sabemos em nosso íntimo. A história em si, portanto, exerce a função de “suporte”, uma maneira que o autor encontrou para facilitar nossa memória nesse processo de re-conhecimento. É o que me parece.

Tais pensamentos e aforismos fazem parte de um livreto de bolso que pertence a um dos personagens, e que vão surgindo contextualizados no decorrer da narrativa. Selecionei aquelas que achei mais interessantes (boa parte), as quais transcrevo abaixo. Talvez – quem sabe – essas máximas o estimularão a ler o livro.

Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar que você o sabe. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você. Vocês todos são aprendizes, fazedores, professores.

As perguntas mais simples são as mais profundas. Onde você nasceu? Onde é o seu lar? Para onde vai? O que está fazendo? Pense sobre isso de vez em quando, e observe as suas respostas se modificarem.

Você ensina melhor o que mais precisa aprender.

Você é levado em sua vida pela criatura viva interior, o ser espiritual brincalhão que é o seu ser verdadeiro. Não dê as costas a possíveis futuros antes de ter a certeza de que não tem nada a aprender com eles. Você está sempre livre para mudar de idéia e escolher um futuro, ou um passado diferente.

Não existe um problema que não ofereça uma dádiva para você. Você procura os problemas porque precisa das dádivas por eles oferecidas.

Valorize suas limitações e, por certo, não se livrará delas.

Uma nuvem não sabe por que se move em tal direção e em tal velocidade. Sente um impulso… é para este lugar que devo ir agora. Mas o céu sabe os motivos e desenhos por trás de todas as nuvens e você também saberá, quando se erguer o suficiente para ver além dos horizontes.

Nunca lhe dão um desejo sem também lhe darem o poder de realizá-lo. Você pode ter de trabalhar por ele, porém.

O pecado original é limitar o Ser. Não o faça.

A sua consciência é a medida da honestidade de seu egoísmo. Escute-a com cuidado.

Cada pessoa, todos os fatos da sua vida, ali estão porque você os pôs ali. O que fazer com eles cabe a você resolver.

Eis aqui um teste para verificar se a sua missão na terra está cumprida: se você está vivo, não está.

A fim de viver livre e feliz, você tem de sacrificar o tédio. Nem sempre o sacrifício é fácil.

Não fique triste nas despedidas. Uma despedida é necessária antes de vocês poderem se encontrar outra vez. E se encontrar de novo, depois de momentos ou vidas, é certo para os que são amigos.

A marca de sua ignorância é a profundidade da sua crença na injustiça e na tragédia. O que a lagarta chama de fim do mundo, o mestre chama de borboleta.

Essas são as reflexões que mais me chamaram a atenção no livro. São as lições que re-lembrei e que me fizeram “pensar com meus botões” (ainda fazem, alguns dias depois de terminar a leitura). É provável que alguns tenham pensado: “Isso é besteira, uma coletânea de auto-ajuda reles e barata”. É possível que estejam certos. Outros, como pode ser o seu caso já que você teve o interesse de ler até aqui, podem concluir: “Algumas dessas frases realmente fazem sentido para mim”. E é possível que (também) estejam certos. Porque, afinal de contas, depois de todas essas reflexões, a frase derradeira é essa:

Tudo neste livro pode estar errado.

O que também equivaleria a dizer que “tudo neste livro pode estar certo”. Depende do ponto de vista.

Sarau

8 ago

Novamente fiquei um bom tempo sem atualizar este blog. Há aqueles que me dizem que o Olhar Mutante está a cada dia menos mutante, ou cada vez mais Olhar Imutável. Ou ainda: Olhar Distante! Não lhes tiro a razão, afinal é o que parece quando se fica quase um mês sem atualizar o blog.

Enfim, para variar, volto a escrever após “sumir” por uns tempos. Neste tempo que passou, participei de um Sarau muito bacana aqui em Campinas. Música e poesia para aquecer uma dessas frias noites de julho. Piano, violão, vozes, poemas alheios (sim, Mário Quintana e Fernando Pessoa estiveram presentes de certa forma) e textos dos próprios presentes.

Na ocasião, fiz uma “recitação dramática” de “Ai se sesse”, do poeta Zé da Luz. A primeira vez que ouvi esse poema foi em um show do Cordel do Fogo Encantado, há um bom tempo atrás. Dentre muitas outras que eu poderia ter escolhido, essa foi uma forma de homenagear a “literatura de cordel” e a expressão artística popular. Para quem não conhece o poema “Ai se sesse”, pode conferi-lo aqui (vídeo com Lirinha – do Cordel do Fogo Encantado – recitando) ou aqui (apenas a letra do poema).

Minha participação incluiu também uma declamação de poema de minha autoria: “Quem sabe” (03/04/2008), que transcrevo a seguir.

Quem sabe,

depois de descobrirmos o fogo,

colonizarmos os rincões do planeta,

construirmos as cidades,

inventarmos os carros e os computadores,

pisarmos na Lua,

e lançarmos expedições ao sem-fim do universo…

Quem sabe,

após longa jornada,

então possamos caminhar

pela mais desafiadora das sendas:

o despertar da consciência,

que une aquilo que ilusoriamente dividimos

e que nos leva de encontro ao Todo

encerrado no Vazio de nós mesmos.

(Brunno, 03/04/2008).