Arquivo | Cinema e vídeos RSS feed for this section

Ensaio sobre a cegueira – parte 2

6 fev

Somente depois de ter lido o livro (veja aqui o que escrevi sobre a leitura do livro) é que me permiti assistir ao filme. (Na medida do possível, é o que procuro fazer). O interessante de se assistir ao filme depois de ler o livro é que você percebe algumas coisas:

  1. Alguns trechos do livro foram suprimidos, o que é natural e esperado ao se converter para um outro formato. Mas as cenas do livro que não constam no filme não atrapalham a história (re)contada em vídeo.
  2. O “filme que criei em minha mente” enquanto lia foi um tanto quanto diferente daquele proposto por Meirelles. Certamente, isso também era natural e esperado. As imagens que se formaram em minha mente era de um mundo muito mais caótico, imundo e menos humano. A cena do estupro, principalmente, passou-se de maneira muito mais chocante e angustiante no filme da minha mente. (Depois fiquei pensando comigo mesmo: caramba, acho que sou um animal, pervertido e sanguinário).
  3. Ótima escolha de Alice Braga para o papel da rapariga dos óculos escuros. Nada melhor que uma mulher brasileira para interpretar uma personagem sensual.
  4. Após ler o livro, e antes de assistir ao filme, fiquei pensando comigo mesmo: como alguém resolveria a questão de contar visualmente uma história cujo tema é justamente a falta de visão?

Em minha opinião, Fernando Meirelles é um grande diretor, e sua leitura da obra permitiu-lhe a tradução em outra obra muito boa. Gostei bastante do filme, embora ainda prefira o livro.

Por fim, a reação do próprio Saramago sobre o filme dirigido por Fernando Meirelles:

Poesia do cotidiano – Birds on the wire

10 set

(If you can’t read in Portuguese, just watch the movie bellow. Audio in Portuguese and subtitles in English).

É bem provável que você, raro leitor, já tenha visto esse vídeo alguma vez na Internet, porque isso já aconteceu há algum tempo (em fins de 2009). No entanto, esse belo material chegou ao meu conhecimento apenas por esses dias, e me encantou bastante.

Trata-se do vídeo “Birds on wire”, apresentado no TEDx SP 2009 e que apresenta a bela iniciativa de Jarbas Agnelli que, a partir de uma foto de jornal em que apareciam pássaros no fio, fez uma música com a “partitura” sugerida.

A beleza da música e da iniciativa de Jarbas Agnelli é inquestionável. Mas há algo mais sutil, e que foi o que mais me chamou a atenção no vídeo, provavelmente porque ressoa em mim. Trata-se da seguinte afirmação de Agnelli:

É possível ver poesia em qualquer lugar, depende só do jeito que a gente olha. É possível realizar isso, depende da gente ter alguma iniciativa.

Concordo plenamente: É possível ver poesia em qualquer lugar.

Sem mais delongas, veja o vídeo abaixo. Áudio em português, legendas em inglês.

***

O Sétimo Selo

18 maio

Fazia um bom tempo que eu queria assistir ao filme “O Sétimo Selo” (1956), do renomado cineasta sueco Ingmar Bergman. Mas somente esse fim de semana que passou é que finalmente assisti a esse clássico do cinema. Não pretendo aqui escrever sua sinopse, nem tampouco fazer sua resenha, pois não sou especialista em cinema e muitos já o fizeram aqui, ali e acolá. O que pretendo compartilhar são as impressões, sentimentos e reflexões que emergiram após o término do filme.

Para quem não assistiu, resumidamente o filme narra a história de um cavaleiro cristão e seu escudeiro que, após retornarem das Cruzadas, encontram um cenário de desolação, peste e morte. Em diversas cenas, o cavaleiro se encontra com a Morte e jogam xadrez entre si.

O Sétimo Selo

A Morte e o cavaleiro jogam xadrez

Em meu entendimento, o jogo de xadrez pode ser visto como uma metáfora da vida. As peças, o tabuleiro e as regras seriam as condições básicas e em comum a todos os seres humanos. No entanto, embora existam essas condições em comum (peças, tabuleiro, regras), cada um de nós joga a sua própria maneira, conforme o contexto, valores, princípios, expectativas, medos e desejos. Embora a condição inicial seja a mesma para todos, cada jogo será diferente do outro.

E nesse jogo de xadrez, todos inexoravelmente vamos perder. Xeque-mate. Xeque-morte. Mas, apesar dessa “derrota” certa, resta-nos o aprendizado: alguns lances geniais, medíocres ou desastrosos. Independente do incontestável final a que estamos sujeitos, diga-se que viver é muito divertido e vale a pena. E talvez (eu disse talvez), caso nos seja permitido jogar outras “partidas de xadrez” em nossas existências, esses aprendizados podem se somar e fazer com que joguemos cada vez melhor o grande jogo da vida. Até que um dia, talvez, enfim alguém (cada um?) se torna capaz de vencer a Morte. Talvez…

Continue lendo