Somente depois de ter lido o livro (veja aqui o que escrevi sobre a leitura do livro) é que me permiti assistir ao filme. (Na medida do possível, é o que procuro fazer). O interessante de se assistir ao filme depois de ler o livro é que você percebe algumas coisas:
- Alguns trechos do livro foram suprimidos, o que é natural e esperado ao se converter para um outro formato. Mas as cenas do livro que não constam no filme não atrapalham a história (re)contada em vídeo.
- O “filme que criei em minha mente” enquanto lia foi um tanto quanto diferente daquele proposto por Meirelles. Certamente, isso também era natural e esperado. As imagens que se formaram em minha mente era de um mundo muito mais caótico, imundo e menos humano. A cena do estupro, principalmente, passou-se de maneira muito mais chocante e angustiante no filme da minha mente. (Depois fiquei pensando comigo mesmo: caramba, acho que sou um animal, pervertido e sanguinário).
- Ótima escolha de Alice Braga para o papel da rapariga dos óculos escuros. Nada melhor que uma mulher brasileira para interpretar uma personagem sensual.
- Após ler o livro, e antes de assistir ao filme, fiquei pensando comigo mesmo: como alguém resolveria a questão de contar visualmente uma história cujo tema é justamente a falta de visão?
Em minha opinião, Fernando Meirelles é um grande diretor, e sua leitura da obra permitiu-lhe a tradução em outra obra muito boa. Gostei bastante do filme, embora ainda prefira o livro.
Por fim, a reação do próprio Saramago sobre o filme dirigido por Fernando Meirelles: