Arquivo | março, 2010

Sobre o trânsito

29 mar

Hoje, ao percorrer de carro um trecho de aproximadamente 20 quilometros entre meu local de trabalho e minha casa, levei cerca de 40 minutos. Isso mesmo, 20 quilometros em 40 minutos. Sei que os motoristas da capital paulista podem estar acostumados a isso, e não lhes tiro a razão. 20 quilometros em 40 minutos talvez não seja nada para um trânsito como São Paulo.

Mas, convenhamos, deveria ser um pouco diferente quando se trata de Campinas. Ou não? (Os leitores motoristas de Campinas se manifestem, se quiserem). Em minha opinião, o trânsito de Campinas está bem pior do que tempos atrás. Para quem usa o transporte público, a impressão também é de trânsito pior. Aliás, uma observação sobre esse absurdo  em Campinas: o transporte público se resume aos ônibus, não há metrô ou trens. Uma região metropolitana, com a quantidade de habitantes e a intensidade de tráfego como a de Campinas, e não há disponibilidade de outras opções públicas de transporte…

É verdade que agora moro em uma região um pouco mais central do que o endereço anterior, e isso me faz enfrentar ruas e avenidas mais congestionadas. Porém o trânsito caótico não está restrito apenas aos logradouros centrais de Campinas. Para ir (ou voltar) do trabalho, tenho a opção de seguir um bom trecho da Rodovia Dom Pedro (entre os km 128 e 134), que teoricamente deveria ter um trânsito mais fluente. Pois, em várias oportunidades em que transitei nesse trecho, a Rodovia parecia uma rua ou avenida, com semáforos e radares limitando o tráfego. Algo incomum para uma rodovia, mesmo sem acidentes. Com acidentes, a paciência precisa ser bem maior.

A experiência de hoje fez-me pensar com “muito carinho” uma ideia que já tive em outros momentos, e hoje pareceu-me melhor que antes…

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Outono

23 mar

Do lado de baixo do equador, acabou o verão e iniciou o outono. Aqui em Campinas, são as águas de março que vão fechando (de vez) o verão. E sim, há uma promessa de vida em meu coração: meu filho João, assim como eu, deverá nascer no inverno.

Talvez seja por isso, por ter nascido no inverno, que eu prefira “o sugestivo aconchego de uma noite invernal” ao “o calor dos dias de céu azul”. Já disso isso aqui. Confesso que em alguns momentos sofri bastante com o calor do verão que passou (e creio que  muita gente também). Por isso, agora que chega o outono, não posso deixar de me lembrar da bela canção de mestre Cartola, As rosas não falam, que começa assim: “Bate outra vez, com esperanças o meu coração, pois já vai terminando o verão, enfim (…)”. Tá lembrado?

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Olhar como da primeira vez

21 mar

Os lugares que frequentamos e as pessoas que estão à nossa volta vão ficando invisíveis com o passar do tempo. Aos poucos, nossa atenção encontra novos alvos e a paisagem some, como somem os rostos e a realidade particular de cada um, até que não reste quase nada. E, no entanto, estão todos vivos a nosso lado, e o sol se põe de um modo que um dia nos pareceu tão bonito, e aquela mulher canta de um jeito que antes nos fascinava tanto. Esse mundo querido ficou invisível para nós porque nos acostumamos com ele – e acostumar-se quer dizer não mais notar, não ouvir e talvez amar um pouco menos. Mas toda a beleza perdida aparece outra vez quando abrimos os olhos e vemos tudo de novo – como da primeira vez.

(Luiz Carlos Lisboa, “O som do silêncio”, Editora Verus, página 79)

 

 

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