Arquivo | maio, 2009

Lembrar-se do essencial

13 maio

 

Era uma vez um cidadão ocidental que resolveu ir passar as férias fora da Europa e visitar a China. Depois de alguns dias de passeio, encontrou uma chinesa toda charmosa. Ele a achou tão linda, por dentro e por fora, que se apaixonou por ela. A paixão foi tão violenta que resolveu ficar noivo. Comprou uma aliança, enfiou no dedo dela e ela compreendeu por aquele gesto que ele estava resolvido a se casar.

Havia só um obstáculo: ele não sabia falar nem escrever em chinês. Por essa razão, despediu-se da moça e, por intermédio de um intérprete, explicou que ia voltar para sua terra, a fim de aprender chinês e depois casar. A noiva achou isso bastante razoável e concordou plenamente.

Voltando para a sua terra, o rapaz se matriculou primeiro num curso audiovisual de chinês. Depois de algum tempo, chegou à conclusão de que não era suficiente e fez o vestibular na universidade de sua cidade, para fazer uma licenciatura de chinês. Depois de uns três anos, passou brilhantemente nos exames, o que a encorajou a se matricular no doutoramento. Depois de alguns anos, a sua tese foi recebida com felicitações da banca. Em pouco tempo, tornou-se um dos maiores sinólogos do mundo. Muitas editoras pediram e publicaram traduções.

Um dia, depois de uns vinte anos, um amigo perguntou por que é que ele havia aprendido chinês com tanto entusiasmo. Ele refletiu, pensou profundamente e, de repente, colocou a mão na cabeça e exclamou: “Meu Deus! Eu me esqueci da minha noiva!”.

Essa história tem muitas aplicações, mais particularmente no que se refere aos caminhos espirituais. Não somente algumas tradições espirituais se esqueceram de sua razão de ser, aplicando rituais e recomendando dogmas desprovidos de sentido, mas muitos de nós podemos ficar estagnados numa prática ou num assunto que nos encantou e esquecemos do essencial: a descoberta da nossa verdadeira natureza.

Retirado do livro “Lágrimas de Compaixão”, de Pierre Weil, editora Pensamento (2000), página 214.

Fora do ar

6 maio

 

relogiosemponteiroOs (raros) leitores que me acompanham devem ter notado que fiquei um tempo “fora do ar”, sem atualizar o blog nem mesmo para dizer um “olá, estou ocupado no momento, mas assim que possível volto a escrever alguma coisa aqui”. Em todo mês de abril escrevi apenas um único post. Eu poderia listar aqui alguns motivos (desculpas?) pelos quais não fui mais assíduo como mantenedor do Olhar Mutante, mas creio que muitos (ou pelo menos alguns) também passam por fases parecidas, com muitos compromissos e etc e tal. (Imagino que neste momento você esteja pensando que é isso mesmo).

Não diria que me falta tempo. E ouso dizer que não falta tempo para ninguém. Afinal, todos temos as mesmas 24 horas em um dia (será que ainda é tudo isso, ou diminuíram as horas do dia sem nos avisar?). E por que então alguns fazem mais que outros, aproveitam melhor seu tempo? Gostaria de saber a resposta, mas posso apenas especular. Imagino que as palavras-chave sejam “prioridade”, “organização”, “disciplina”, “entusiasmo” e algumas outras mais que você leitor pode acrescentar. Nem sempre dispomos desse conjunto, ou então nos servimos de mais ou menos um ou outro.

Mas enfim, estou apenas divagando sobre a “gestão do tempo” para dizer que, nos últimos tempos, se não me faltou o “entusiasmo” para escrever para o blog, não posso dizer o mesmo dos demais aspectos. Ainda estou tentando me “organizar” e, consequentemente, ser mais “disciplinado”. Aos poucos, chego lá. E, quanto a “prioridade”, precisei e escolhi me dedicar a outras coisas tão importantes quanto o ato de escrever. Creiam-me, ainda gosto de escrever, e pretendo continuar a fazê-lo (sei que isso pode não ser animador para alguns, mas fazer o que… não se pode agradar a todos).

A propósito, gostaria de finalizar com um pequeno texto que li esses dias. (E, por sinal, foi durante a leitura desse trecho que encontrei um “bom mote” para voltar a escrever no blog). Trata de escolhas, decisões e priorizações que precisamos fazer na vida, consciente ou inconscientemente. Veja só:

“A vida é regida por uma multidão de forças. Tudo seria muito simples se eu pudesse decidir o curso das minhas ações em virtude de um princípio geral único, cuja aplicação seria a todo momento tão evidente que ela não exigiria nem sequer um instante de reflexão. Mas eu não me lembro de nenhum ato a cujo respeito teria sido tão fácil de decidir”

(Mahatma Gandhi)

Se quiser (e/ou não estiver muito ocupado), convido você a comentar aí embaixo sobre como anda (ou voa) o seu tempo ultimamente.