Arquivo | dezembro, 2008

Mensagem de Fim de Ano

30 dez

 

Caros e raros leitores, amigos, conhecidos ou ainda por conhecer.

Nos últimos dias (semanas, melhor dizendo) estive ocupado de tal maneira que não consegui atualizar o Olhar Mutante. Não que seja minha obrigação, pois a idéia é que o blog seja um exercício lúdico-literário. Então, tento não me cobrar muito nesse sentido.

Mas, para explicar minha ausência a vocês que (inadvertidamente) visitam o blog em busca de um texto novo e legal (!), segue minha justificativa. Neste mês de dezembro, fiz duas viagens relativamente distantes e tive algumas demandas extras no trabalho. Muito trabalho!?!? De fato, soa um pouco incomum para esse período do ano, em que o Tutty Vasques afirma que “ou você está de férias ou finge que trabalha”. Meu caso não foi nenhum dos dois. Mas, enfim, tudo está resolvido e estou inteiro, pronto para o próximo ano.

Aproveito então esse período de entre festas e mais tranqüilidade (antes que o trema “caia”, logo em breve com a revisão ortográfica da língua portuguesa), para atualizar o blog e deixar uma mensagem de fim de ano, a quem interessar.

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“O Verbo se fez Carne, e habitou entre nós”. Em Belém, nasceu o Prometido. É Natal de Jesus, aquele a quem nossa tradição reconhece como o Cristo. Ele já está no meio de nós. Que a Criança Divina possa também nascer na manjedoura de cada coração, e que sua luz possa despertar nossa própria Consciência Crística, nossa Consciência Divina, nossa Consciência Iluminada.

Nesse período de celebrações e reflexões, desejo a todos aquilo que desejo a mim mesmo. Que se torne sagrado o solo em que você amorosamente pisar. Que você tome consciência de que Belém está em todos os lugares, e que todos os dias podem ser Natal, pois o Divino está presente aqui e agora, na terra onde pisas e no ar que respiras. Desejo que tuas escolhas te conduzam a um nível mais elevado de consciência e à sabedoria. Que apesar dos obstáculos, você confie nos propósitos mais elevados que guiam teu caminho.

E que você seja abençoado com a dádiva da quietude e o conforto do silêncio, para melhor ouvir a voz d’Aquele Que É (no seu interior, o único lugar em que ela pode ressoar).

Feliz Natal (ainda em tempo) e um Ano Novo de Bem-Aventuranças, Realizações e Aprendizados!

Um abraço,

Brunno.

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No momento em que escrevo essas linhas, o novo Olhar Mutante contabiliza pouco mais de 400 visitas (desde 30/10/2008, data da reestréia). Sou grato aos que acompanham e visitam este blog, aos que eventualmente lêem alguma coisa, e aos que ainda têm a paciência e a benevolência de dispor seu tempo para comentar e contribuir com as reflexões propostas. Aos que implícita ou explicitamente me incentivam a continuar escrevendo.

Um último aviso. Entrarei de férias a partir de primeiro de janeiro, e muito provavelmente não conseguirei atualizar o blog regularmente. Isso não são lá novidades, afinal, férias são férias. Previsão de retorno ao final de janeiro. Mas eventualmente, se houver uma brecha na minha “requisitada agenda de férias”, um espaço entre uma atividade ociosa e outra lúdica, uma lacuna entre a leitura de um livro e um passeio por caminhos nunca d’antes caminhados, uma pausa entre um copo de cerveja e uma brisa ao rosto, poderei publicar algo (ir)relevante. Quem sabe.

 

Infinito Particular

13 dez

 

Estou relembrando de uma experiência ocorrida (mais ou menos) recentemente, há umas três semanas, quando viajava de carro de Brasília a Campinas. Gostaria de compartilhar com aqueles que tiverem interesse.

Em certo trecho do Triângulo Mineiro, fiquei a contemplar a paisagem. Era fim de tarde, e o sol em breve iria se pôr. A estrada ia reta, cortando uma vasta planície de pastos e plantações, sem muitas árvores. Olhei para meu lado direito e avistei o horizonte curvando-se distante ao fundo. Do lado esquerdo, igualmente. Tive uma sensação de grandiosidade da natureza, a vasta paisagem invadindo meus sentidos. Pensei então que, se eu tivesse ali um mapa, sequer conseguiria distinguir aquelas paragens entre Uberlândia e Uberaba. Veria apenas dois pequenos pontos, identificados com os nomes municipais. Em comparação com o tamanho do Brasil, aquela vasta paisagem era praticamente nada. E, continuando com esse pensamento, percebi que o imenso Brasil corresponde a uma pequena porção de toda a superfície terrestre. E o planeta Terra é um pequeno ponto azul girando, juntamente com outros planetas (alguns bem maiores), em torno do Sol, o astro-rei de nosso sistema solar. Este mesmo Sol que é uma estrela de quinta magnitude, uma pequena estrela (há outras muito maiores) entre as bilhões de outras estrelas que fazem parte de nossa galáxia, a Via Láctea, situando-se em sua periferia. A Via Láctea, por sua vez, é apenas uma dos muitos bilhões de galáxias que se estima haver no Universo. E, como se sabe, a ciência admite a hipótese de haver não apenas o Universo, mas sim Multiversos (uma pluralidade de universos).

Ao acompanhar a extrapolação desses pensamentos, dei-me conta da minha pequenez. Da pequenez do ser humano. Não é a primeira vez que isso me acontece, mas foi uma experiência muito significativa. Senti-me minúsculo diante da paisagem mineira, insignificante perante a provável existência de Multiversos. E, imediatamente, senti-me transpassar pelo Infinito. O Multi-Universo, infinitamente grande, composto de uma quantidade quase sem-fim de astros, no qual estou infinitesimalmente imerso. E o universo que eu também sou, infinitamente pequeno, pequeniverso, composto de infinitas partículas infinitesimais.

Infinito

2 dez

Em sua obra “Rumo ao Infinito”, Pierre Weil reflete inicialmente sobre a palavra definir. Definir corresponde ao ato de delimitar, de pôr um limite, estabelecer um fim. Trata-se de uma compulsão limitativa, uma necessidade de nomear, o recorrente esforço de descrever e explicar, algo que parece muito comum a todos nós sere humanos. No entanto, seria paradoxal definir o Infinito, que por essência é sem-fim, in-definido e in-definível.

O que Pierre Weil propõe é uma nova palavra: infinir. É um verbo que inexiste em qualquer idioma, o que reforça essa nossa dificuldade em permitir a in-definição, ou melhor, a não-definição, ou ainda – usando o neologismo – a infinição. No caso específico desse livro, trata-se de um ensaio sobre a infinição, um estudo sobre representações do Infinito nas manifestações artísticas, nas pesquisas científicas, em algumas teorias filosóficas, nas tradições espirituais e também através de reflexões pessoais do autor.

Alguns aperitivos:

“O meu entendimento que é finito não pode compreender o Infinito” (René Descartes)

“Ter o Infinito na palma de sua mão e a eternidade numa hora” (William Blake)

“A Verdade é infinita: por isso não pode ser conhecida por termos finitos” (Joel S. Goldsmith)

“Fizeste-me sem fim, pois este é o teu prazer.

Continuamente esvazias este frágil vaso,

Para em seguida preenchê-lo, com a água viva do teu amor.

Levaste, por vales e montanhas, esta flautinha de bambu,

E nela sopraste tuas canções imortais…”

(Tagore)

“A espantosa realidade das coisas

é a minha descoberta de todos os dias.

cada coisa é o que é, e é difícil explicar

a alguém quanto isso me alegra,

e quanto isso me basta.

Basta existir para ser completo…”

(Alberto Caeiro / Fernando Pessoa)

 

Fica então a dica de leitura, para quem se interessa pelo tema:

“Rumo ao Infinito”, de Pierre Weil. Editora Vozes, 2005.

* * *

Nos próximos dias estarei em viagem, de modo que não sei exatamente quando voltarei a publicar algum texto. É provável que somente após o dia 10/12 (quarta-feira que vem), quando estarei de volta. Entretanto, se houver tempo, conexão Internet disponível e uma idéia ou algo interessante a dizer, farei meu registro no Olhar Mutante durante a viagem.