Conforme eu já havia mencionado tempos (e posts) atrás, havia a possibilidade de eu voltar a frequentar a Universidade. Possibilidade essa que se concretizou nessa semana que passou. Fui aceito como aluno especial para fazer mais algumas disciplinas e (quiçá) defender uma dissertação de mestrado.
O referido curso de mestrado é na FEEC, Unicamp. A princípio, e caso dê tudo certo, meu objetivo é defender uma dissertação na área de inteligência artificial, e mais especificamente em questões relacionadas à consciência artificial. (Sim, soa estranho. Mas prometo que, aos poucos e mais para frente, tentarei comentar aqui da maneira mais didática possível, caso você tenha interesse em saber). Parece-me desafiador e estimulante, pois é um campo de pesquisa multidisciplinar, que une minha área de formação (computação) com outras áreas pelas quais tenho particular interesse (filosofia, psicologia, ciências cognitivas, etc). Bem, veremos, veremos…
Nessas primeiras aulas, anotei algumas coisas interessantes. O que mais me chamou a atenção foi o seguinte: “A ciência não pode incorporar nada que não admita ser refutado algum dia. Uma teoria deve ser sempre refutável para ser considerada científica.”
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Por questão de sincronicidade, alguns dias antes de me deparar com essa questão, eu havia lido um ensinamento atribuído a Sidarta Gautama, o Buda.
“Não se apresse em acreditar em nada, mesmo se estiver escrito nas escrituras sagradas. Não se apresse em acreditar em nada só porque um professor famoso que disse. Não acredite em nada apenas porque a maioria concordou que é a verdade. Não acredite em mim. Você deveria testar qualquer coisa que as pessoas dizem através de sua própria experiência antes de aceitar ou rejeitar algo.”
(Siddartha Gautama, o Buddha, Kalama Sutra 17:49)
Esse é um dos grandes ensinamentos de sabedoria que eu procuro me lembrar e (quando consigo) praticar. Mesmo não sendo budista. Mas cá entre nós, não é necessário ser budista para se reconhecer a sabedoria e a liberdade expressas nesse ensinamento.
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Em minha opinião, são duas formas de dizer a mesma coisa. Uma à luz da ciência, a outra à luz da espiritualidade e da filosofia. Apenas por questões de beleza poética, prefiro a citação de Buda. Mas é bem bacana quando você tem essa percepção de que coisas aparentemente tão distintas podem dizer a mesma coisa, não é mesmo?
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