Nós nascemos e fomos educados em uma sociedade de relógios, calendários e prazos. Isso é fato, não é?
Há poucos dias, soube da existência de culturas aborígenes que não têm relógios. E aí a gente se pergunta: então como é que eles medem o tempo? E a resposta é tão simples quanto o “sistema de horas” dessas culturas: existem apenas o “agora” e o “todos os demais tempos”.
E isso me fez refletir sobre a relatividade do tempo, essa medida dada pelos nossos relógios e calendários.
Você já deve ter vivenciado alguma experiência em que o tempo parecia suspenso. Em geral, situações assim costumam ocorrer nas ditas experiências místicas, nas experiências de transcendência (em que a nossa noção de “tempo linear” é um dos aspectos transcendidos).
Veja esse exemplo da relatividade do tempo: uma hora ao lado da pessoa amada pode “passar voando” como se fosse alguns minutos, enquanto que alguns minutos preso no congestionamento (ou qualquer outra situação desagradável “de sua preferência”) pode parecer uma eternidade. Fazer algo que gostamos geralmente nos confere essa sensação do tempo suspenso: “puxa, já faz todo esse tempo que estou fazendo isso?”. Penso que é uma situação desse tipo que está poeticamente retratada na bela canção Tarde em Itapoã: “E nos espaços serenos / sem ontem nem amanhã / dormir nos braços morenos / da lua de Itapoã“.
Nesses últimos dias, tendo que lidar com essa questão (sensação de falta) de tempo, essas reflexões vieram à tona. E um certo desejo de, pelo menos às vezes, ir além dos “padrões temporais” do mundo. Transcender… (em alguma Itapoã, de preferência).
Se você tiver tempo :-), pense nessas questões: Em que situações eu me esqueço do tempo? Que momentos atemporais eu já vivenciei? Quando tenho nítida consciência da passagem acelerada do tempo?