Em sua obra “Rumo ao Infinito”, Pierre Weil reflete inicialmente sobre a palavra definir. Definir corresponde ao ato de delimitar, de pôr um limite, estabelecer um fim. Trata-se de uma compulsão limitativa, uma necessidade de nomear, o recorrente esforço de descrever e explicar, algo que parece muito comum a todos nós sere humanos. No entanto, seria paradoxal definir o Infinito, que por essência é sem-fim, in-definido e in-definível.
O que Pierre Weil propõe é uma nova palavra: infinir. É um verbo que inexiste em qualquer idioma, o que reforça essa nossa dificuldade em permitir a in-definição, ou melhor, a não-definição, ou ainda – usando o neologismo – a infinição. No caso específico desse livro, trata-se de um ensaio sobre a infinição, um estudo sobre representações do Infinito nas manifestações artísticas, nas pesquisas científicas, em algumas teorias filosóficas, nas tradições espirituais e também através de reflexões pessoais do autor.
Alguns aperitivos:
“O meu entendimento que é finito não pode compreender o Infinito” (René Descartes)
“Ter o Infinito na palma de sua mão e a eternidade numa hora” (William Blake)
“A Verdade é infinita: por isso não pode ser conhecida por termos finitos” (Joel S. Goldsmith)
“Fizeste-me sem fim, pois este é o teu prazer.
Continuamente esvazias este frágil vaso,
Para em seguida preenchê-lo, com a água viva do teu amor.
Levaste, por vales e montanhas, esta flautinha de bambu,
E nela sopraste tuas canções imortais…”
(Tagore)
“A espantosa realidade das coisas
é a minha descoberta de todos os dias.
cada coisa é o que é, e é difícil explicar
a alguém quanto isso me alegra,
e quanto isso me basta.
Basta existir para ser completo…”
(Alberto Caeiro / Fernando Pessoa)
Fica então a dica de leitura, para quem se interessa pelo tema:
“Rumo ao Infinito”, de Pierre Weil. Editora Vozes, 2005.
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Nos próximos dias estarei em viagem, de modo que não sei exatamente quando voltarei a publicar algum texto. É provável que somente após o dia 10/12 (quarta-feira que vem), quando estarei de volta. Entretanto, se houver tempo, conexão Internet disponível e uma idéia ou algo interessante a dizer, farei meu registro no Olhar Mutante durante a viagem.
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