Estou relembrando de uma experiência ocorrida (mais ou menos) recentemente, há umas três semanas, quando viajava de carro de Brasília a Campinas. Gostaria de compartilhar com aqueles que tiverem interesse.
Em certo trecho do Triângulo Mineiro, fiquei a contemplar a paisagem. Era fim de tarde, e o sol em breve iria se pôr. A estrada ia reta, cortando uma vasta planície de pastos e plantações, sem muitas árvores. Olhei para meu lado direito e avistei o horizonte curvando-se distante ao fundo. Do lado esquerdo, igualmente. Tive uma sensação de grandiosidade da natureza, a vasta paisagem invadindo meus sentidos. Pensei então que, se eu tivesse ali um mapa, sequer conseguiria distinguir aquelas paragens entre Uberlândia e Uberaba. Veria apenas dois pequenos pontos, identificados com os nomes municipais. Em comparação com o tamanho do Brasil, aquela vasta paisagem era praticamente nada. E, continuando com esse pensamento, percebi que o imenso Brasil corresponde a uma pequena porção de toda a superfície terrestre. E o planeta Terra é um pequeno ponto azul girando, juntamente com outros planetas (alguns bem maiores), em torno do Sol, o astro-rei de nosso sistema solar. Este mesmo Sol que é uma estrela de quinta magnitude, uma pequena estrela (há outras muito maiores) entre as bilhões de outras estrelas que fazem parte de nossa galáxia, a Via Láctea, situando-se em sua periferia. A Via Láctea, por sua vez, é apenas uma dos muitos bilhões de galáxias que se estima haver no Universo. E, como se sabe, a ciência admite a hipótese de haver não apenas o Universo, mas sim Multiversos (uma pluralidade de universos).
Ao acompanhar a extrapolação desses pensamentos, dei-me conta da minha pequenez. Da pequenez do ser humano. Não é a primeira vez que isso me acontece, mas foi uma experiência muito significativa. Senti-me minúsculo diante da paisagem mineira, insignificante perante a provável existência de Multiversos. E, imediatamente, senti-me transpassar pelo Infinito. O Multi-Universo, infinitamente grande, composto de uma quantidade quase sem-fim de astros, no qual estou infinitesimalmente imerso. E o universo que eu também sou, infinitamente pequeno, pequeniverso, composto de infinitas partículas infinitesimais.
O mundo: infinitas divisões e múltiplos de uma unidade. A unidade é o que temos como primeira referência: os homens, nós mesmos. E somos, sem nos dar conta, minúsculos e gigantes. Somos ao mesmo tempo partícula e todo. (ou seremos uma etapa da divisão maior?) Isso me dá nó na cabeça, e euforia. Como sou pequena e… Quando posso me dividir e…!!! Mas segundo “um” Pessoa:
“Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo…
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura… ”
clap clap!! rs
Natália
“Você é do tamanho de seus sonhos. Infinitamente seus…Em forma, cor e movimento”
Muito boa expressão essa “pequeniverso”!
Valeu por todo o texto, se me pedisse para “resumir a idéia”!
Abraço!
Natália,
Esses versos de um tal Pessoa são realmente fantásticos, e acho que tem tudo a ver com o texto, com esse infinito particular. Somos pequenos e gigantes. Somos do tamanho daquilo que vemos. E como noso olhar é mutante, assim também o é nosso tamanho.
Um abraço e Feliz Natal!
Brunno.
Oi MI!
Que grata surpresa você por aqui. Não sabia que você estava lendo e acompanhando o blog. Fiquei muito contente com a surpresa agradável. Espero que você continue visitando, comentando e acrescentando.
Realmente, é isso mesmo: somos do tamanho de nossos sonhos. Inclusive, parece-me que tem um livro que se chama exatamente “Você é do tamanho de seus sonhos”. Deve ser bom, né? Ainda não li, mas…
Um beijão e Feliz Natal e Feliz 2009 e Saudades!
Brunno.
Léo,
Também achei oportuna a expressão “pequeniverso”. Talvez tenha sido inspiraçlão dessa própria experiência mística que relatei em Infinito Particular.
Abração e Feliz Natal (novamente).
Brunno.
Eppure come sei bello… Confermo quella scoperta de primo momento de nostra conoscenza…